"De uns tempos para cá, a palavra "mestiço" praticamente sumiu do mapa. Desapareceu das salas de aula e de seminários acadêmicos, dos discursos das elites midiática e empresarial, das páginas de jornais, revistas e livros de história, antropologia, sociologia, estética e política que falam do Brasil e das coisas brasileiras. O que significa que os pretensos cronistas, repórteres, estudiosos e 'intérpretes' do nosso país há tempo não olham para ele, para as pessoas que circulam em nossos espaços públicos e domésticos, nem para si mesmos. Falam do Brasil como se estivessem falando de outro lugar, desde que--por uma imposição acadêmico-ideológica norte-americana, reproduzida pela universidade e a classe dominante brasileiras--decidiram fechar os olhos à história biológica, social e cultural de nossa gente. Porque é impossivel, sob pena de falsificação grosseira, tratar da configuração histórico-social do Brasil sem tratar da grande mestiçagem popular brasileira. O Brasil é produto de um processo intenso e continuo de contatos e trocas físicos e culturais. De escambos biológicos e simbólicos. Com todas as assimetrias e crueldades que marcaram a construção histórica do país, nossas formas de viver, criar, produzir, amar, falar, cantar e pensar são indissociáveis das nossas mestiçagens. Que alguém hoje se veja obrigado a repetir, alto e bom som, que o Brasil é um país mestiço--eis aí a prova mais ostensiva do quanto andamos alienados com relação a nós mesmos."--Back cover.
OCLC:
(OCoLC)1395070047
Locations:
OVUX522 -- University of Iowa Libraries (Iowa City)
This resource is supported by the Institute of Museum and Library Services under the provisions of the Library Services and Technology Act as administered by State Library of Iowa.